Como é fácil ‘se perder’ no passado.
Somos seres feito de histórias.
Fazer faxina nos armários é quase uma releitura de si. Nos orgulhamos, entristecemos, ficamos com raiva de guardar tudo aquilo, de não usar aquilo que temos, lembramos do quanto lutamos e ficamos felizes ao conquistar ou ganhar tal objeto. Vemos ‘tiques’ e neuroses de família nas arrumações, sentimos falta de pessoas e daquilo que nos foi ensinado, ou seja, é uma terapia intensa. Porém, a essência de tudo isso é o quanto de passado ‘carregamos’ e que nos fazem bem ou mal.
De tempos em tempos, precisamos nos ‘despir’ do passado. Encará-lo para enxergar o que realmente pertence a nós. Somos construções e desconstruções a vida toda. Costumo dizer que quando algum filho começa a ‘encrencar’ e ‘emperrar’ em alguma coisa, que antes não o fazia, é hora de parar e se perguntar: Qual a maturidade que ele adquiriu e que eu ainda não percebi? Ou seja, onde posso depositar mais confiança, e com isso, delegar algo que ele antes não conseguia e que agora já consegue? São as famosas mudanças de fases onde temos que nos adequar e recolocar. Na nossa vida é o mesmo. Precisamos de adequações, jogar fora, passar para frente aquilo que não nos pertence mais, livrar-se de excessos, aproveitar o que temos e conquistamos, encontrar-se no próprio estilo, e não dar satisfação às pessoas e mundo. Não estou dizendo para sermos egoístas, muito pelo contrário, vivemos em um mundo e temos que cuidar uns dos outros, mas o que quero falar é que preciso ser eu, único, ninguém pode determinar e obrigar aquilo que devo, ou não, fazer. Ou seja, precisamos nos apropriar da nossa vida com nossos valores e atitudes.
Venho de uma casa onde meus pais ‘jogam fora’ muita coisa, que seria recordação, isso inclui fotos, e justificam “para quando não estiverem mais aqui facilitar a vida dos filhos”. Pode parecer estranho, mas isso é libertador. Nenhum filho ou pessoa deve carregar aquilo que não o pertence. Eu mesma tenho o hábito de não olhar tanto nos álbuns de fotos, gosto do presente, do futuro, o que ainda posso conquistar. Visito o passado esporadicamente para me orientar - do que quero e não quero, porque o resto ele tem e deve ficar no seu devido e exclusivo lugar, no passado.
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