Não crie necessidades fúteis e desnecessárias.



Estamos vivendo em um mundo inviável ao qual nós o criamos. 


Fui tomar café com uma amiga querida. Conversa de mulher de 40 anos mais, cada uma no seu mundo, com suas questões, lutas, alegrias, vivências, fases de filhos - inspira, respira e pira muitas vezes. A benção da maturidade, litros de café da minha parte e fichas que só caem quando, muitas vezes, estamos entre amigas. Entre elas, uma que vem me incomodando e, a cada dia, vem ganhando mais forma: o mundo surreal que inventamos. Com o passar dos anos criamos um estilo de vida que é desumano em ‘necessidades’: empregados, confortos, que estão mais para luxos desmedidos e burros, trocas de aparelhos eletrônicos, e não porque quebraram, mas aquele tal negócio: “Ah tem um melhor, tava na promoção e levei.” O tal do ‘eu mereço’ entre outras bizarrices. Não estou condenando e dizendo que não podemos ter as coisas, pelo contrário. Conquistar algo é delicioso, mas falo sobre o mundo que precisamos pagar por coisas desnecessárias, ou melhor, por coisas que carregamos e que não fazem sentido.  Além de exaustos, ao começar o mês, com contas e mais contas, estamos passando para a próxima geração uma vida que eles precisarão ser sobrenaturais só para sobreviver. 


As necessidades desnecessárias, muitas vezes, entram na nossa vida como diversão, de forma sorrateira e criam raízes que irão marcar gerações. Criamos quartos individuais, suítes, claro, se não irão brigar. 'Alexas' da vida, odeio aquela voz que surge do nada se metendo na conversa, automação que exigem do ser humano dois passos para acender a luz, eletrônicos dos mais variados, funcionários, às vezes, mais do que o necessário com a ‘desculpa’ que precisamos ‘viver’, viagens que todos ‘precisam’ fazer, olha a Disney aí, senão ficarão traumatizados entre outras bizarrices. A pergunta é? Precisa de tudo isso? Esses jovens que estão sendo preparados para ‘conquistarem o mundo’ sabem lavar a louça? Conseguem viver, ainda que eles sejam poliglotas, sem funcionários? Ah, cá entre nós, perdemos a mão, digo perdemos porque, muitas vezes, assumimos necessidades do outro e não bancamos o estilo de vida em que nós e nossos filhos seriam libertos desse jugo que sufocam diariamente. 


O café terminou bem, leve, com a maturidade e a verdade, que ressoam dentro de mim, de que precisamos ensinar aos filhos que eles não podem ser educados “só para serem feliz”, outra bizarrice, que muitos pais repetem sem a responsabilidade do que isso ‘causará’ nos jovens. Afinal, ‘só ser feliz’ é crescer sem a responsabilidade de ser útil. Que possamos ser funcionais para o mundo, mostrando aos filhos que somos tão importantes quanto eles, livres de um mundo de consumismo desumano, necessidades fúteis. Pagando o preço, somente, para ser quem, realmente, somos e não por aquilo que ‘precisamos comprar, pagar para tentar ser e aparecer’,  isso é muito caro e é a doença silenciosa que mais mata no mundo de hoje.


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