Quando a DOENÇA DA SOCIEDADE começa em CASA.


 

       São tantas opiniões, ‘estudos’ e diagnósticos que esquecemos o essencial: observar com atenção qual caminho individual cada pessoa precisa trilhar.

  É curioso ver nas redes sociais vídeos sobre mães dos anos 70, 80, 90 e por aí vai. Apesar do tom humorístico, fica evidente o quanto os pais perderam seu lugar de autoridade. Sim, autoridade — uma palavra que muitos temem ou interpretam de forma errada. Autoridade é, entre outras coisas, a capacidade de fazer cumprir leis e influenciar comportamentos. Muitos pais, responsáveis e educadores hoje abandonaram essa posição para tentar ser amigos, e falham até nisso, pois não conseguem influenciar positivamente em nada.

      O medo de frustrar os filhos criou uma geração de pais que educa com base no lema: “Eu só quero que você seja feliz.” Isso é irresponsável, infantil e imaturo. Claro que queremos a felicidade dos nossos filhos, mas educá-los com esse único propósito é cegá-los para as dores necessárias da vida.

      O que é felicidade para uma criança? Ganhar presentes, comer o que quiser, não ter limites. Se essa ideia não for amadurecida com o tempo — e ela raramente é — teremos adultos que não suportam a frustração, desistem ao primeiro desconforto, e acham que prazer constante é condição para viver.

      São esses que abandonam faculdades, rejeitam empregos, esperam por um sentido que nunca chega e se tornam parte da geração “nem-nem”: não estudam, não trabalham e não sabem lidar com a própria inutilidade. Falta-lhes algo fundamental: o entendimento de que dor, desconforto e frustração fazem parte do crescimento real.

      Com uma autoridade fragilizada, esses pais não são pais: são facilitadores do adoecimento emocional dos próprios filhos. Ser pai é exaustivo. Ser mãe é desconfortável. Educar exige coragem, exige ir contra a maré — especialmente em uma sociedade doente como a nossa.

      Antigamente, os jovens mentiam para os pais para ir a festas. Hoje, são os próprios pais que compram documentos falsos para os filhos irem. Isso não é normal. Pais que ensinam a burlar regras não podem reclamar quando os filhos burlarem as deles.

      As pessoas vivem preocupadas com o mundo que vão deixar para seus filhos. Mas a pergunta mais urgente é: Que filhos você está deixando para esse mundo?

      A educação está tão doente que já se tornou crônica. Aquilo que era anormal virou normal. Professores não conseguem mais administrar alunos que foram criados para serem “apenas felizes”. Mas quem vive apenas em busca de felicidade, não reconhece o outro — e muito menos sabe o que é ser realmente feliz.

      Essa geração da “felicidade tóxica” não sobreviverá muito além da morte dos pais-amigos. Só permanecerão os que foram ensinados por pais de verdade — aqueles que não fugiram da dor de educar e, por isso, plantaram nos filhos a força que só nasce da frustração, da disciplina e da verdade.

      E quem sabe, ao fim dessa jornada, esses pais de verdade recebam o presente mais nobre: a amizade madura dos filhos — e partam em paz, com a alma tranquila, por terem cumprido seu papel com dignidade e honra, e por deixarem, neste mundo tão doente, filhos funcionais, conscientes e preparados para viver.


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