Perdemos a capacidade de dialogar?

O que está acontecendo no mundo é, em grande parte, reflexo de uma educação precária, mimada e sem limites.

Até o dia 10 de setembro, eu nunca havia ouvido falar de Charlie Kirk. Quando soube que ele havia sido baleado, fui atrás de informações para entender quem ele era. Confesso que não me aprofundei, pois a imagem de alguém sendo baleado em uma universidade americana me abalou profundamente. Nesta mesma semana, uma ucraniana foi esfaqueada no metrô dos EUA.

No dia seguinte ao atentado contra Kirk, acordei com um aperto no coração e procurei saber se haviam identificado o assassino. Nesse momento, recebi um vídeo de uma amiga que mostrava jovens comemorando a notícia de que Charlie havia sido assassinado. Meu estômago embrulhou. Jovens que defendem a liberdade de expressão celebravam a morte de alguém que, assim como eles, tinha o direito de se posicionar. Isso é democracia para esses jovens? Democracia exige respeitar ideias diferentes das nossas, independentemente de você gostar ou concordar com elas. Claramente, não é o que esses jovens fazem.

Não importa se eu concordava ou não com Kirk; o que me chocou foi ver alguém ser assassinado apenas por ter um ponto de vista diferente daquelas pessoas. E não é preciso ser especialista para entender o motivo do crime.

Em pleno século 21, jovens protestam, gritam na internet, mas matam ou comemoram a morte de quem não concorda com suas ideias. Isso demonstra uma grave perda da capacidade de dialogar. Hoje, muitos se comportam como crianças que se jogam no chão quando não conseguem o que querem. No caso desses jovens — e de muitos adultos —, quando não conseguem dialogar, eliminam o outro.

Dialogar exige ouvir, checar informações e buscar a verdade, mesmo quando ela desafia nossas convicções. Infelizmente, muitos preferem viver em um mundo ilusório, onde sua ideologia é inquestionável, preservada acima de qualquer valor. Esses jovens, que nunca aprenderam a se colocar de forma respeitosa diante de divergências, justificam atrocidades e celebram a morte de outros por motivos puramente ideológicos.

O assassinato de Kirk é ainda mais grave por ocorrer em um ambiente universitário — que deveria ser espaço de respeito e aprendizado. Quando perdemos a capacidade de dialogar, perdemos a habilidade de viver em sociedade.

O mais preocupante é quando a ideologia se sobrepõe a valores fundamentais, seja na política, ciência e etc. Imagine se os jovens que conduzem uma pesquisa, por exemplo, não conseguem separar ideologias pré-estabelecidas da verdade — como podemos esperar imparcialidade? Essas pessoas poderão matar por aquilo em que “acreditam”. Em todas as áreas de nossas vidas, precisamos estar abertos à verdade, ainda que ela nos confronte e doa. Isso, inclusive, significa amadurecimento e é o caminho para evoluir. Não tem outro! Estar aberto à evolução é estar aberto a mudar de opinião — e isso é libertador.

Essas pessoas perderam a capacidade de dialogar — e isso não é sobre convencer, mas sobre ouvir, compreender e respeitar. Quando não conseguem mais isso, justificam a eliminação do outro. Quem atira e quem celebra a morte de Kirk — e de outras pessoas — por terem opiniões diferentes, hoje, tem sangue nas mãos.

Que possamos refletir antes que nossas convicções se transformem em ideologias que excluem e matam. Que nossos valores sejam saudáveis o suficiente para incluir, aprender e respeitar o próximo. Que o Criador abençoe a América, o Brasil e o mundo, despertando todos para o respeito mútuo e o diálogo.


Comentários

  1. Realmente assustador, infelizmente alguns matam por divergência política ,outros por ideologias religiosas outros por ignorância,o que aconteceu neste caso. Kirk foi morto ,não porque as ideias eram divergentes, e sim por serem melhores dos que estavam ali para debater,não tinham argumentos ,pois na grande verdade sabiam que as ideias de kirk eram certas. Enfim uma vida perdida simplesmente por falar a verdade. Que D’us nos proteja .

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  2. Excelente e triste reflexão!

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