Nesse carnaval o destaque foi para o ódio gratuito.


Esse texto não é sobre quem gosta ou não de carnaval. Se carnaval é certo ou errado, do bem ou do mal. Mas sobre pessoas e posturas que exercemos diante aquilo que não gostamos, sobre respeitar o próximo, a sua crença e fé.


 Antes de mais nada é bom avisar que nenhuma pessoa aceita tudo, as pessoas falam isso de forma irresponsável, rasa e mentirosa. Ninguém é obrigado a gostar de tudo e, exatamente, por isso devemos saber o nosso lugar tanto ao se expressar quanto estar fisicamente em algum lugar. Vamos ao exemplo: eu não gosto de carnaval, deixa eu explicar. Nasci idosa, com respeito a todo idoso. Aliás, há muitos idosos que nunca envelhecem, mas eu já nasci ‘velha’. Nunca curti balada, som alto, adoro o ‘barulho’ do silêncio, sim, ele existe e era uma péssima companhia quando era ‘obrigada’, pelas minhas amigas, ir a uma balada. Aliás, passando de um determinado horário virava um ‘puff’, literalmente, encostada em algum canto. Mas respeito quem curte o agito.


Neste carnaval, principalmente na internet, uma onda de ódio de determinadas religiões foram destaques. Aqueles que diziam que o carnaval era algo ruim cutucava aqueles que não achavam. Líderes, influences davam seus motivos enquanto aqueles que gostam do agito rebatiam. Um show de ódio explícito. O pior de tudo foi o resultado disso, a religião que não vê ‘pecado’ no carnaval, com tamanho ódio dos não carnavalescos, começou a revelar sua raiva expondo sua religião de forma desnecessária, dando um viés de provocação. A outra religião, dos não carnavalescos, falava que o carnaval era festa do inimigo. Mais uma vez, esse texto, não é para julgar quem tá ‘certo’. Todos nós devemos ter bom senso, valores e ética para nos guiar àquilo que é certo, para cada um, e como já disse ninguém aceita tudo, isso é uma mentira. Mas quero refletir aqui sobre como nos colocamos diante ao que não gostamos e não aceitamos. Incitar o outro, ou melhor, o pior do outro quando não estamos de acordo, realmente, mostra e valoriza nossa fé? Acredito que qualquer religião deve ser somente um atalho para irmos, chegarmos até D’us. Ou seja, somente um meio, e não a espiritualidade em si. Seria como um carro levar você ao seu destino. O que sobrou desse confronto do carnaval, não foi somente ódio, mas tudo o que nos afasta de D’us. Com isso, vimos a podridão humana, o oposto de qualquer espiritualidade. Com o palco da raiva montado surgiram roubos, casos de morte, pessoas com aspectos mais deploráveis, cantor xingando o outro, brasileiros rasgando e pisando na bandeira de outro país, vergonhoso, e ladeira abaixo. Enfim, a energia que manifesta aquilo que foi falado, alimentado, o que todos criaram com a falta da espiritualidade. 


Você, não carnavalesco, pode dizer exatamente por isso que não pode ter carnaval. Se pode ou não eu não sou capaz de responder, mas, posso afirmar que ninguém conquista ninguém com xingamentos. Ninguém ‘mostra’, ‘apresenta’ D’us machucando o outro. Vimos religiões sem D’us. Vemos, diariamente, nas redes sociais pessoas pregando sobre uma espiritualidade que machuca e aqueles que são diferentes, não se encaixam nem tem o direito de chegar perto. O que é isso? Espiritualidade, chegar Aquele que nos fez, não seria um caminho ao qual temos a liberdade de escolher, com sabedoria, aquilo que nos faz bem? Sinto vergonha desse palco de ódio que cega e mata.


Todo mundo pode falar o que deseja, mas tendo em mente as seguintes perguntas: quando, como e para que? Se não for para ajudar, respeitosamente o outro, nem comece porque se for assim terminará de forma desrespeitosa como foi esse carnaval, por todos os lados, instigando o pior do nosso próximo. Que possamos ter D’us tão plenamente em nossa vida de modo que não haja necessidade de falar, mas somente ser e, com isso, a diversidade será respeitada e mostrada com elegância e não como afronta.


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