Luxo: Fazer o que Gosta
Até que ponto nosso desejo, aquilo que achamos que gostamos, é realmente nosso? Ou será que é só o que está na moda ou o que dizem ser chique?
Sei que falar de ‘ser fiel’ ao que gostamos pode parecer superficial, mas a verdade é que são poucas as pessoas que têm coragem de assumir aquilo que amam de verdade. Quando fazemos o oposto, forçando a gostar de algo que não tem nada a ver com a gente, acabamos exaustos. Por exemplo: hoje todo mundo acha que precisa gostar de viajar, que ‘abre a cabeça’, ver novos horizontes. Mas para algumas pessoas, viajar pode ser mais estressante do que relaxante. Talvez essa pessoa prefira ficar em casa lendo um livro – e tudo bem. Claro que precisamos nos abrir a novas experiências, mas se conhecer é fundamental para saber o que é o seu caminho e o que é só imposição.
A maioria das pessoas vive contaminada com a ideia do que é aproveitar, do que é luxo. Acham que têm que fazer festa em datas certas, seguir modinhas que mais ‘afastam’ de si mesmas do que acrescentam. Esses dias fui a uma loja de artigos de festa e vi uma ala inteira só de chá revelação. Não acreditei. Parece que a vida está ficando insustentável de tanto enfeite e convenção. Pergunto-me: será que essas pessoas fariam o tal chá se ninguém fizesse? Será que, se conseguissem ver o quanto isso é cafona, fariam mesmo assim?
Poucas pessoas conhecem, de verdade, o que gostam. E menos ainda têm coragem de bancar esse gosto – porque bancar algo que você gosta, às vezes, é andar sozinho. O mundo está cheio de discursos sobre diversidade, mas são poucas as pessoas que têm a coragem de ser autênticas. Talvez para alguém, luxo seja uma xícara de café de manhã. Para outro, mesmo com dinheiro sobrando, luxo seja não ter um carro do ano ou se recusar a pagar por um carro ‘notável’.
Nada mais luxuoso do que assumir aquilo que você gosta, sem se importar com o que vão dizer. Acredite: são poucos que têm essa capacidade. Vestir o que você curte, comer o que tem vontade, ser quem realmente é. O mundo está carente de gente que banque sua autenticidade sem medo do ‘bullying’. Pessoas autênticas entendem que seus maiores luxos estão ao alcance das mãos e não precisam mostrar nada a ninguém. Que a nossa vida não seja para agradar e nem para chamar atenção do outro, mas sim para ser um banquete do gosto que só você irá degustar. E ninguém mais precisa saber. Isso, sim, é o verdadeiro luxo.
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