Você Está Escolhendo ou Só Repetindo o Que Vê?


 

No automático da vida, vamos executando coisas sem nem reparar no quão ridículos — e às vezes irresponsáveis — somos.

Voltando da academia que fica no prédio onde moro, presenciei uma cena curiosa. Um bebê, de uns 11 meses, engatinhava no jardim. Até aí, tudo bem. Se não fosse uma manhã de 13 graus, com um vento cortante. E o melhor — ou pior — ainda estava por vir: um fotógrafo profissional (pelo equipamento dava pra saber), uma assistente, a mãe e uma senhora fazendo gracinhas para o bebê olhar para a câmera. Devia ser um ensaio para a festa de 1 ano. Tenho certeza? Claro que não. Mas aquilo me fez refletir sobre as bizarrices que a gente aceita como normais só porque todo mundo faz.

Chá revelação, ensaio fotográfico de recém-nascido, festas de casamento, viagens, celulares de última geração… pais se endividam porque o amigo do filho fez e “não dá pra frustrar a criança”. E assim, a vida vai virando um circo. Antiética. Insustentável. Regida por um automático coletivo que ninguém questiona.

Grande parte desse surto de convenções vazias vem de influenciadores — pagos para fazer isso parecer essencial. Claro que as redes sociais têm seu lado bom. A internet democratizou o acesso à informação, e hoje temos tudo nas mãos. Mas justamente por isso, nossa responsabilidade em checar fontes e refletir sobre nossas escolhas nunca foi tão urgente. O problema é que, mesmo com tudo escancarado, parece que vivemos uma cegueira coletiva. O ridículo virou padrão. A pessoa está endividada e faz chá revelação. Saber o sexo do bebê no ultrassom já não basta?

Você pode perguntar: “Mas a pessoa não tem o direito de fazer o que quiser?” Talvez a pergunta correta seja: “Será que ela precisa disso? Faz mesmo sentido?” Muita gente responderia que sim, que é importante. Mas eu questiono: importante pra quem? Pra ela ou pros outros? Se parássemos de verdade para refletir, muitos diriam: “Não, não faz sentido.”

Estamos transformando a vida em algo exaustivo. Cheio de coisas desnecessárias, que nos sentimos obrigados a fazer. E ainda damos exemplo para as próximas gerações do quanto é normal viver essa futilidade.

Que tal bancarmos quem somos, por nossas escolhas — e não por uma convenção? Que tal, antes de fazer qualquer coisa, perguntar se é necessário mesmo? O mundo está saturado de bizarrices, e sedento por pessoas que paguem o preço por serem quem são — não por quem o mundo quer que elas sejam.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Por favor, não tenha mais filhos.

Quando a DOENÇA DA SOCIEDADE começa em CASA.

Não crie necessidades fúteis e desnecessárias.