Filhos Fora de Casa: Quem São Eles de Verdade?

 


Engraçado como a vida vai nos preparando e colocando cada um no seu devido lugar.

Estou na fase da adolescência — dos meus filhos. Como toda fase, sem exceção, essa também é linda e desafiadora. Mas este texto não é sobre os filhos, e sim sobre nós, os pais, e como lidamos com esse momento da vida.

Não sei exatamente o que aconteceu com o mundo, mas ele está... virado. Bebês reborn, pessoas que se identificam como animais, entre outras bizarrices. Mas o que mais tem me chamado a atenção é a forma como os pais lidam com os filhos fora de casa — como acreditam que os filhos são, como se comportam, e como "brigam" por isso, esquecendo-se de como nós éramos.

Se fizermos esse exercício de memória e voltarmos à nossa própria adolescência, já nos calaríamos diante da estupidez que é colocar a mão no fogo pelos filhos. Estaríamos, provavelmente, todos queimados — alguns até mortos. A verdade é: não sabemos de nada.

Educamos, passamos valores, alertamos quanto aos perigos, rezamos, entregamos nas mãos de D’us — e é isso. Claro que, para mim, ser mãe de adolescente inclui, sim, verificar celular, bolsas, saber com quem anda. Desculpe aos que acham isso invasivo, mas para mim isso é cuidado. É entender que a pouca maturidade que têm ainda não os qualifica para estarem completamente soltos no mundo.

Nosso trabalho é mais nos bastidores do que no palco — eles atuam sozinhos. Simples e, para alguns, cruel assim.

A realidade é que não sabemos como nossos filhos são fora de casa, assim como nossos pais não faziam ideia do que aprontávamos. Torcemos para que coloquem em prática a educação que receberam. Muitos pais brigam na escola por atitudes dos filhos, dizendo que "conhecem" seus filhos. Mas, mais uma vez: não conhecemos nossos filhos quando estão em grupo, sob influência de outros.

Claro que você pode questionar alguma atitude da escola, mas não queime sua mão porque você “conhece” seu filho.

A vida não dá pontas soltas. Tudo isso serve para nos ensinar a nos ajustarmos, a nos prepararmos para o lugar que teremos na vida adulta dos nossos filhos. Um lugar que, muitas vezes, não será o centro da cena. Já começamos a perceber que há espaços nos quais não somos mais bem-vindos: como saber de todas as paqueras, segredos entre amigas, e por aí vai.

É claro que devemos manter a porta aberta para o diálogo, sermos um lugar seguro, presente. Mas entender que haverá situações em que eles caminharão sozinhos. E tudo bem. Alguns pais não aceitam isso, querem ser amigos, saber de tudo. Existem exceções, claro, filhos que dividem tudo — mas mesmo nesses casos, não saberemos de tudo.

A adolescência é um presente disfarçado de desafio. Um sinal de que, mais do que nunca, precisamos cuidar da nossa vida particular, entender que nem sempre estaremos juntos, e que filhos nos foram apenas confiados — são empréstimos de D’us.

Que saibamos nos comportar, enchê-los de valores saudáveis para que possam caminhar sozinhos, saber se comportar e serem bons exemplos, mesmo longe de nós.


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