Você não tem o direito de empatar a vida do seu filho.


Aprender a se comportar nas fases da vida dos filhos virou uma necessidade.


Criou-se uma cultura em que a mãe é quase que uma entidade. Claro, que devemos respeitar pai e mãe e não é isso que estou falando aqui, mas escrevo sobre a personagem, a imagem que a mãe ocupa na cabeça das pessoas e, principalmente, na dela mesma. Desde a mais tenra idade, dos filhos, os pais ocupam um espaço sem limites, afinal, o bebe é um dependente dos responsáveis. O grande problema é que as fases vão mudando e os pais não ressignificam seus papeis. Obviamente, que o que serve para uma família, não serve para a outra. Mas, a verdade, é que durante a vida nossas funções vão mudando e precisamos nos ajustar a isso.


Confesso que como mãe imperfeita, afinal, o desafio em exercer essa missão é o de correções diária e não de perfeições, mas me assusto ao ver ‘colegas dessa empreitada’, que seguem um script que herdaram, porém o filho não é o mesmo que elas foram um dia e, com isso, no automático ou preguiça em se rearranjar jogam nos herdeiros um jugo desumano. Sim, desumano porque nós mães, pais precisamos saber nossos lugares, o que significa, com o passar dos anos, ser menos ativos braçais e emocionais nessa relação, o que alguns confundem com menos importante. Entre outras palavras: precisamos deixar o filho ir. Entender que não somos D’us e que não conseguiremos protegê-lo de tudo e nem é esse nosso papel, portanto, não pague mico achando que você é a dona do pedaço. O Criador somente confiou ele (s) nas nossas mãos e precisamos cuidar, de cada ser que nos foi confiado, com sabedoria, sabendo que eles não são nossos. Que só fomos ‘contratados’ para prepará-los para serem funcionais nesse mundo. Então, não podemos ser um jugo na vida dele(s). 


A cada fase, se fizermos nosso papel bem feito, vamos tendo ‘menos trabalho’. Vamos ‘entregando’ o cuidado da vida, de cada um, em suas próprias mãos e, com isso, devemos preencher esses novos ‘buracos’ com o cuidado das nossas vidas. Sim, somos pessoas, antes de qualquer função que desempenhamos. Vejo mães que assumiram esse papel, não conseguem se ver de outro jeito e, assim, elas não entregam a vida dos filhos a eles. Ninguém nasceu para cuidar da vida do outro, nascemos e experimentamos papeis aos quais ajudamos o outro a se desenvolver e a cuidar de si. Somente isso, o que não quer dizer, abandonar a sua.


Ainda que para muitos seja assustador, quando começamos a entender que a vida está nos dando a oportunidade de ‘tomá-la de volta’. Ao invés de olharmos com tristeza, devemos olhar com gratidão, por termos feito um bom trabalho. Cada um tem o direito de seguir pelo seu caminho, ainda que não concordemos ou não saiu segundo os ‘nossos sonhos’, mas assim como nós viemos para melhorar, nossos filhos, chegam aqui com uma bagagem, que só o Criador sabe qual é, para evoluir também. Não, não somos onipotentes, oniscientes, muito menos onipresentes, assim como aprendemos com sofrimentos, nossos filhos também aprenderam, na verdade, são diamante brutos em que o sofrimento será a lapidação. Portanto, cada mãe precisa saber o seu lugar. Ontem, como mãe de bebe, com tempo preenchido pelo cuidado braçal. Hoje, como mãe de adolescente sabendo que há lugares que não sou mais bem vinda e amanhã, como mãe que fez seu trabalho e será convidada para uma visita, festa ou uma ajuda. Isso não é triste e sim libertador.


Nossa vida não começa e nem acaba com a maternidade. Somos presenteados, a cada dia, com a oportunidade de nos cuidar, de desenvolver um talento, um trabalho, cuidar da nossa relação, casa e por aí vai. A nossa função é saber se comportar a cada fase, em todas as áreas da nossa vida e na do outro. Assim como um rio corre e passa por muitos lugares. Se a água ficar parada, a paisagem será sempre a mesma e  a água apodrecerá. Então, seja como um rio e se abra para a abundância que a vida lhe traz a cada manhã.


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