Uma coisa é aceitar o corpo, a outra é abandoná-lo.


Aceitar quem somos exige de nós acolher e viver em paz com aquilo que não podemos mudar.


Muitas causas, bandeiras e lutas têm marcado essa geração, o que é lindo e, em grande parte, saudável, mas também podemos nos perder no meio disso tudo. Não precisamos ir muito longe para perceber que junto com a luta, vem também a falta dela. Nada mais libertador do que se descobrir seja nos nossos talentos, dons, capacitações, gostos e também naquilo que é ‘feio’, e não digo no físico, mas tudo o que precisamos mudar dentro de nós.


Entre essas causas, o ‘aceitar do corpo’ ganhou voz, o que é extremamente necessário, afinal, vivemos há décadas um culto a um tipo de corpo de forma imoral, desumana e mentirosa. Bonecas, filmes aos quais crescemos brincando, assistindo e que nos enfiaram goela abaixo um modelo de corpo que continua impregnado nas nossas mentes. E, eis que chega a bandeira para aceitar o nosso corpo do jeito que ele é. Uau, um respiro e uma porta que se abre para ser quem realmente somos. Muitas conquistas, entre elas, novas numerações de roupas que cabem em seres humanos ‘normais’, ou seja, quase toda população. Mas por trás de toda causa, há pessoas que não querem se conhecer e encontram nisso subterfúgios para se esconder, não fazendo o que precisa ser feito. Com isso a obesidade vem sendo romantizada, vale lembrar, aqui, que não estou julgando quem realmente sofre com a doença obesidade, que é real, mas falo do atalho que uma juventude resolveu seguir, absorvendo algo que não é nada saudável. Uma coisa é aceitar seu corpo e com isso vem, ou deveria vir, o comprometimento em cuidar dele. Reconhecer o seu biotipo e não fazer bizarrices para ser quem não é, mas vemos jovens que decidiram abandonar o corpo e com orgulho mostrar que isso é aceitá-lo. Não, isso não é aceitar o corpo, isso é largá-lo e achar que ele irá se ‘regenerar’ em cima dessa falta de bom senso. Inclusive saiu uma pesquisa em que diz que essa geração viverá menos que seus pais. Isso é falta de conscientização e de um comprometimento consigo ao qual não se pode delegar.



A verdade é que é muito ‘fácil’ extrapolar para qualquer lado, ir para os extremos. E, não é a toa que a política tá do jeito que tá. O resultado e o problema disso tudo é que, quem escolhe os extremos, joga o cérebro no lixo e segue a boiada, ou seja, nem precisa pensar. O mais difícil, e que a maioria não faz, é achar o seu próprio equilíbrio, o que serve para um, não serve para outro, só através disso conseguimos nos descobrir e realmente aceitar quem somos. Aqui o trabalho é árduo porque o caminho é individual, ou seja você é e será o seu pioneiro. Tendo cuidado com ‘aquele’ que é designado para nos dar a autonomia de ir para qualquer canto e ter dignidade ao envelhecer: o nosso corpo. Sim, aceitá-lo é reconhecer, respeitar e entender que ele também tem as suas limitações ao qual precisamos cuidar e não abandonar. Precisamos ouvi-lo, compreendendo que não podemos fazer tudo com ele, mas só aquilo que lhe convém com sabedoria, sabendo que ele tem seu tempo de validade e por isso a parcimônia e respeito são essenciais para o seu bom funcionamento. Portanto, cuide de onde você mora porque enquanto estiver por aqui não dará para trocar de moradia.


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